sexta-feira, outubro 12, 2007:

PRIMAVERA NO CERRADO
(Não procuro perfeições, mas razões para sê-las.)
...E enquanto ainda parece,
que o tempo não manchará
as fantasias que vestimos,
enquanto esquecemos da água dos olhos
que a seca levou,
olho pros seus olhos quase fixos
que de mais perto, piscam fechados,
e sinto de novo aquele velho desejo
de não sentir nada.
Porque de todos os abismos que me atirei
de todos os anjos de papel que me agarrei
de todos os mártires que me encantei
o mal estava sempre do lado de dentro.
Sem algozes, nem salvações.
As conquistas se travaram sempre no retorno
ao ponto de que partiram.
Eis a diferença de Cristo aos meus ídolos
que também morreram pela dor
de não conseguir deixar de sentir
nada,
além da imensa lei das forças
que regem inteiramente tudo
que chamamos de vida,
Inércia e gravidade.
Continuemos então, exatamente
tudo como está.
A soma só dá positivo
se positivo forem os dois lados.
Deixemos então assim,
embriagados pela audácia de Eros,
que a gravidade só se aplique às folhas
de quando o outono chegar.
Claudia "In Stereo" // 2:06 PM
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