O tempo anda
para as árvores que aqui me acolhem
nessa tarde de silêncio
que minha alma recorre.
Eu vivo em busca da paz
de um canto com pé-de-amora
onde tinjo todo meus pés descalços
de bem roxo, como agora.
Até parecem solados
protegidos dessas pedras
cujo tempo não anda, demora.
As pedras não crescem,
se esfolam,
rebolam duras
e desaparecem.
Parece triste,
viver a se acabar sempre,
sem nunca deixar semente,
só resto de si
pó, areia, abrigo de serpente.
Tenho vontade de rir,
pular amarelinha
e a cerca do vizinho,
pra roubar fruta, flor, erva daninha,
qualquer coisa que o acorde
e o faça correr atrás de mim,
como se pega uma galinha.
...
Pudera mesmo tudo ser verdade
e eu não cá estivesse,
de frente a uma tela plana
onde graça nenhuma aparece.
Só tu mesmo quando me chamas
faz meu dia parecer feliz
diante dessa gente que só reclama.